Hoje, a Igreja celebra a Vigília Pascal, a mãe de todas as vigílias. É uma vigília em honra do Senhor. É a noite principal da comunidade cristã. Com o novo fogo, luz que ilumina todo ser humano, cantamos a proclamação da Páscoa (o Exultet) dando firmeza à nossa esperança. Na Vigília Pascal, celebramos a totalidade do mistério de Cristo. Celebramos a morte e a vida.
Os ritos do fogo, da luz e da água nos introduzem no significado que tem para a vida do cristão a ressurreição de Jesus. O fogo novo invade a terra para que se purifique e renasça a nova criação; na água batismal todos nós renascemos para o Senhor; a luz ilumina nossas trevas e nos permite ver os caminhos que ele traçou para nós.
Se realmente prestarmos atenção aos quatro grandes momentos desta grande Vigília, com seus símbolos, e compreendermos seu significado para a nossa vida, então seremos capazes de levar para nosso cotidiano a força e a alegria da Páscoa que hoje celebramos.
A Liturgia da Luz, com o fogo, o Círio Pascal e nossas velas nele acesas nos dizem que, pelo Batismo, ressuscitamos com Cristo, passamos das trevas à luz, vencemos o pecado e a morte, somos novas criaturas. Portanto, testemunhemos isso no mundo, vivendo como ressuscitados, como filhos da luz, filhos do dia, iluminados por Cristo, na esperança do grande Dia Final, para o qual nos colocamos em vigília.
A Liturgia da Palavra, com suas leituras bíblicas que nos remetem ao projeto salvífico de Deus na história, culminando no último e definitivo evento de salvação que é a Ressurreição de Jesus Cristo, nos diz que, pelo Batismo, acolhemos a semente da Palavra de Deus. Por isso, vamos testemunhá-la na fidelidade de uma vida nova, comprometendo-nos com o Reino.
A Liturgia Batismal, com a água aspergida sobre nós, a renúncia ao mal, a profissão de fé e a ladainha dos Santos nos dizem que, pelo Batismo, fomos sepultados na morte com Cristo e com Ele renascemos para a vida nova, formando o novo povo de Deus. Por isso, vamos dar o nosso testemunho de fraternidade, de solidariedade, de amor e serviço, como cidadãos do Céu.
A Liturgia Eucarística, com o memorial da Última Ceia, na qual Cristo antecipa e celebra no pão e no vinho, entregues e partilhados, sua Morte e Ressurreição, sua Páscoa, nos diz que, pelo Batismo, somos chamados também a doar a nossa vida como Cristo, em favor da salvação do mundo. Vamos, transformando-nos cada vez mais naquele que comungamos, promovendo a partilha, a comunhão na vida de todos, até que Cristo venha e realize a plena Ressurreição.
Antes de tudo, o Mistério Pascal de Cristo nos convida a tornar realidade a vida nova que Jesus de Nazaré nos propôs com a própria vida, para que todas as pessoas passem da escravidão à liberdade, do temor à segurança, das trevas à luz, com a segurança de que Aquele que definitivamente venceu a morte nos acompanha no trabalho de tornar, a cada dia, o mundo mais humano e melhor.
Celebrar a Vigília Pascal a cada ano é voltar à origem da “nossa vocação” de seguidores de Cristo: sua Luz orienta nossos passos, seu Ensino clareia nossas mentes, seu Batismo purifica nossa vida, sua Unção espiritual nos qualifica para o culto verdadeiro, sua Ação de Graças realiza a comunhão de amor com Deus. Nesta liturgia, é o próprio Deus quem desfaz o caminho tortuoso e infiel do ser humano que perdeu a comunhão com Deus; que, por sua infidelidade, foi desfigurado pelo pecado e incapacitado de ouvir a voz do Senhor, embrenhou-se nas densas trevas da morte. Não por acaso, o canto de proclamação da Páscoa (Exultet) inicia sua vitória cantando “Noite mil vezes feliz!”.