No sétimo Domingo da Páscoa, celebramos a Solenidade da Ascensão do Senhor:“Jesus não entrou em um santuário feito por mãos humanas… e sim no próprio céu, a fim de comparecer diante da face do Pai a nosso favor.” (Hb 9,24). Quando se encarnou no seio da Virgem Maria, Jesus trouxe até nós o mistério da divindade. Na Ascensão, Jesus leva para o Pai Eterno a nossa frágil humanidade, redimida. Vivemos neste mundo cheio de coisas que passam, mas precisamos nos ocupar com as coisas eternas, pois pertencemos ao reino dos céus. Jesus subiu e nos mostrou um novo modo de sentirmos a sua presença no meio de nós. A Ascensão não foi uma despedida para seus seguidores, que se dispõem a testemunhar seu amor e seu Evangelho em todas as partes do mundo. Ele ascendeu e nós permanecemos aqui, peregrinando, com muita fé e esperança, até que cumpramos o plano que Deus traçou para cada um. Enquanto isso, aguardemos a vinda do Espírito Santo, força que renova todas as coisas e fortalece nossa caminhada.
A Solenidade de Pentecostes é um convite para que professemos a nossa fé na presença do Espírito Santo que está em nosso meio. O Santo Espírito possibilita a ação evangelizadora, pois transforma medo em bravura, temor em coragem, desânimo em força, covardia em ousadia, incerteza em fé. A exemplo dos discípulos, cada um de nós é chamado hoje a anunciar a Boa-Nova às pessoas aprisionadas pela dor e pelo luto, pela depressão e pela ansiedade, pelo pecado e pelo desespero, pela opressão e pela ganância dos poderosos. O Espírito Santo é amor, que leva à caridade e à partilha. Somente o amor a Deus Pai, Filho e Espírito Santo, e a caridade aos irmãos, serão capazes de transformar e dar novo sentido a nossa vida e missão.
Deus é um mistério, porque sua infinita grandeza de criador não cabe em nossa limitada inteligência de criatura. Ele existe e faz as coisas acontecerem, independentemente de compreendermos ou não. Não somos convidados a decifrar o mistério da Santíssima Trindade, mas somos chamados a contemplar Deus em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo, que formam a família divina de três pessoas divinas, distintas, mas não separadas, mistério de amor infinito e incondicional. Somos atraídos e estimulados a nos envolver nesse mistério de fé, para que possamos viver fraternalmente, partilhando a vida e colocando-nos a serviço do reino de justiça, amor e paz. Maria se colocou a serviço do Reino de Deus, sem exigir nada em troca. Quando soube que sua idosa prima Isabel estava grávida de seis meses, ela se abriu à necessidade de Isabel e para a casa dela viajou apressadamente. Foi ajudar a prima por amor a Deus. Quem será que precisa de nossa ajuda hoje: um familiar, colega de trabalho ou até mesmo um desconhecido? A exemplo de Maria Santíssima, sejamos sensíveis à dor do outro e saiamos do comodismo, para que nossa sensibilidade se transforme em coragem, caridade, serviço, cuidado, amor. Sair e servir com alegria é colocar a fé em prática!
Fé é a absoluta confiança em Deus. Ele nunca nos abandona, nem nas maiores adversidades ou provações! Confiemo-nos aos cuidados do Senhor e acreditemos que, mesmo sem podermos constatar pelos nossos olhos humanos, acreditemos pela fé nos cuidados do Pai Eterno, que tudo pode realizar. Ninguém gosta de perder o emprego, nem de ver um ente querido enfermo. Ninguém gosta de sentir dor, nem de sepultar pessoas amadas. Ninguém gosta de sentir no estômago o vazio da fome, nem de saber que pessoas queridas estão afundadas no uso de álcool e outras drogas. Você não gostaria de receber a notícia de que seu familiar, cônjuge ou amigo faleceu em decorrência da infecção pelo coronavírus e que você não poderá mais ver, abraçar e se despedir da pessoa amada. Dias difíceis, em que nem podemos vivenciar o luto por alguém, sem receber a notícia de que outra pessoa querida faleceu. Olhemos para a grandeza de Deus e não para as situações que nos destroem emocionalmente, nos entristecem e põem nossa fé em dúvida. Não perca a fé em Deus por causa da dor, do luto, da enfermidade e de todo mal que existe nesta vida. Estamos aqui de passagem e nossa meta é a eternidade feliz. Quem partiu antes de nós já “combateu o bom combate”. Perseveremos firmes em nossa peregrinação, por mais cruel e dura que seja a realidade. Não deixe que nada, nem ninguém, tire sua fé em Deus e sua esperança de que esta adversidade pandêmica vai passar. E vamos superá-la com muita dor, mas também com muita dignidade e fé, “porque vivemos pela fé, e não pelo que vemos”.