Liturgicamente, o Tempo do Natal é concluído com o Batismo do Senhor, onde Jesus foi da Galileia para o Rio Jordão, para ser batizado por João Batista. O Batismo marca o início do ministério público de Cristo. Esse batismo não simboliza arrependimento de pecados, mas indica que Jesus se comprometeu e se disponibilizou, humildemente, a fazer a vontade de seu Pai. E a Igreja nos convida a olhar para a humildade de Jesus, porque ela se converte em uma manifestação da Trindade Santa ou Epifania, que é a festa litúrgica dos cristãos, em que se comemora a apresentação de Jesus à humanidade.
Na Epifania, celebramos a visita dos três reis magos, que viajaram do Oriente, para homenagear e adorar o Menino Deus. Eles se desinstalaram, saíram do comodismo e foram ao encontro do Senhor: “Onde está o Rei dos Judeus, que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-lo.” (Mateus 2,1-2). Podemos seguir o exemplo dos magos, sem precisarmos ofertar o ouro do reinado, o incenso da divindade e a mirra do sofrimento de Jesus; o que realmente precisamos é ser mais humildes, pois muitas vezes pensamos ser protagonistas da história da vida e deixamos Deus em segundo plano. É necessário dar a Jesus o nosso coração, sair do comodismo, nos colocar à total disposição ao projeto que Deus tem para cada um de nós. Deus nos deu dons e talentos, verdadeiros tesouros que às vezes preferimos mantê-los escondidos, ao invés de utilizá-los para fazer o bem ao próximo e a nós mesmos.
Pelo batismo, cada um de nós se torna sacerdote, profeta e rei, todos iguais na mesma vocação. A pessoa batizada se põe a serviço, pratica a caridade, participa ativamente da comunidade e se compromete a defender e anunciar o reino de Deus, falando em nome dele com autoridade. E quem fala em nome de Deus quer o bem e o amor, a paz e a justiça, a solidariedade e a fraternidade. E essa voz igualmente denuncia desigualdades e injustiças, mal e pecado, violência e opressão. Jesus quer “um povo santo e sacerdotal, uma raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido por Deus para anunciar os seus louvores” (1 Pedro 2,9). É preciso que nos esforcemos, para que assumamos o compromisso batismal de olhar pelos fracos e oprimidos, pobres e excluídos sociais, desprezados e dependentes de álcool e outras drogas, para que possamos, no dia que Deus nos chamar, tomar parte na eternidade feliz.
Há muitos movimentos, grupos e pastorais na igreja, necessitados de pessoas que se disponibilizem a ajudar no crescimento do reino de Deus, através dos mais diversos trabalhos que são realizados neles. Triste é perceber que muitas pessoas chamadas a contribuir, assumem a missão, mas somente perseveram na caminhada se suas vontades forem realizadas. Elas se esquecem que o reino é do Pai, que cada uma é colaboradora de uma grande obra de amor e que todas deveriam se unir em prol da obra, dos desvalidos e dos excluídos. Se há um ciclo de coordenação findando, muitos membros se rebelam e até abandonam a caminhada, porque se esquecem que todo trabalho de evangelização só existe por causa e em nome de Jesus, independentemente de qual pessoa coordenará a atividade. Agindo assim, não se dão conta de que estão contratestemunhando o compromisso batismal assumido. Somos os pés, as mãos, os ouvidos e a voz de Deus, instrumentos em suas mãos para o engrandecimento de seu reino. Devemos nos espelhar na humildade e obediência de Jesus à vontade de Deus. Não somos e nem devemos ser cabos eleitorais em um ambiente cristão, que não comporta esse tipo de atitude.
“A Rede Mundial de Oração do Papa (RMOP) é um Serviço Pontifício confiado à Companhia de Jesus, com um Diretor Mundial nomeado pelo Santo Padre. Tem como missão sensibilizar e mobilizar os cristãos, a partir de uma relação pessoal com Jesus, e todos os homens e mulheres de boa vontade, para os desafios do mundo e da missão da Igreja que o Santo Padre expressa nas suas intenções mensais de oração. Existem quatro modos de participar nesta Rede: os Centros do Apostolado da Oração; as Equipes da RMOP; a participação individual; o Movimento Eucarístico Juvenil (MEJ).” (http://www.passo-a-rezar.net) E as intenções de oração do Santo Padre para o mês de janeiro são pela evangelização: “pelos jovens, especialmente os da América Latina, para que, seguindo o exemplo de Maria, respondam ao chamamento do Senhor, para comunicar ao mundo a alegria do Evangelho”. (https://redemundialdeoracaodopapa.pt/). Ajudemos o Santo Padre em oração, como cristãos batizados, sacerdotes, profetas e reis, comprometidos com o reino de justiça, amor e paz.
Por Fabiana de Deus