No atual contexto, vemos que muitas pessoas se afastam cada vez mais do verdadeiro e profundo sentido do Sacramento do Matrimônio. Preocupadas com os aparatos externos, se esquecem da essência da união entre homem e mulher. Não se trata, é claro, de uma generalização, pois há casos em que os elementos externos são uma forma de se evidenciar a alegria da celebração de um casamento consciente. Todavia, o fato está diante de nossos olhos e muitos têm transformado esta celebração tão sublime em apenas um evento social.
A este respeito, disse o Papa Francisco: “O sacramento do matrimónio não é uma convenção social, um rito vazio ou o mero sinal externo dum compromisso. O sacramento é um dom para a santificação e a salvação dos esposos, porque ‘a sua pertença recíproca é a representação real, através do sinal sacramental, da mesma relação de Cristo com a Igreja. Os esposos são, portanto, para a Igreja a lembrança permanente daquilo que aconteceu na Cruz; são um para o outro, e para os filhos, testemunhas da salvação, da qual o sacramento os faz participar’” (Amoris Laetitiae 3,72).
Consola-nos o fato de que ainda encontramos sinais que nos dão muita esperança. Exemplo disso foi o ocorrido no sábado, dia 15 de agosto de 2020, na Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, em Itanhomi. Estando unidos há cerca de 50 anos, o casal Armindo Vitor e Maria Aparecida de Jesus ainda não haviam recebido o sacramento do matrimônio.
Havia alguns impedimentos relativos a questões de documentação. Ambos manifestavam o desejo de se casarem no religioso para selarem esta união diante de Deus e da Igreja e poderem receber a comunhão eucarística.
Sanado o problema que gerava o impedimento, a cerimônia pôde acontecer. Devido às circunstâncias, à idade e à condição de saúde do casal, Dom Félix concedeu a dispensa para a celebração do casamento fora da igreja e a cerimônia religiosa aconteceu na residência do próprio casal. Tudo foi preparado com muita simplicidade, mas com muito carinho e amor. Os dois, enfim, puderam dizer sim diante de Deus e da Igreja: estão casados. Todo aquele ambiente foi uma manifestação concreta da Igreja nas casas, de uma família que se solidificou sobre a rocha da fé e que agora teve a alegria de celebrar o sacramento da união amorosa de um relacionamento que já vem dando frutos há meio século.