Durante a Semana Santa as dioceses celebram com os fiéis a Missa dos Santos Óleos, na qual, se abençoa o óleo que será usado nos sacramentos do Batismo, Crisma e Unção dos enfermos, durante o ano. É também o momento no qual, padres de toda diocese se reúnem para a renovação do Sacramento da Ordem.
A Diocese de Governador Valadares celebrou este importante momento na Catedral de Santo Antônio, e contou com a presença de Dom Félix, que presidiu a celebração e explicou a importância da solenidade e da renovação sacerdotal.
Acesse a fan page da Diocese neste link e veja cobertura fotográfica. Veja também o texto, na íntegra, de sua homilia:
“Estimados padres, diáconos, religiosos, religiosas, seminaristas, distintas autoridades. Amados irmãos e irmãs em Jesus Cristo. Prezados radiouvintes.
Esta concelebração eucarística significa a unidade do ministério sacerdotal no único e supremo Sacerdote, Jesus Cristo. Nesta missa manifesta-se o mistério do sacerdócio de Cristo, participado pelos ministros ordenados, que renovam, em cada diocese, seu compromisso ao serviço do povo de Deus, assumido no dia da ordenação.
A participação do presbitério nesta Missa é sinal da unidade no ministério sacerdotal. Por isso, nela vamos abençoar os óleos que serão usados nos sacramentos. O óleo do crisma significa o dom do Espírito Santo no batismo, na crisma e na ordem. O óleo para o batismo é sinal da força que liberta do mal. O óleo para os enfermos é sinal da força que sustenta o cristão na provação da doença. Através do óleo e da unção, exprime-se a riqueza da nova existência em Cristo, que o Espírito continua a transmitir à Igreja até o fim dos tempos.
As leituras apontam para esta verdade fundamental de nossa fé.
Para Isaías o profeta é alguém que tem a missão de pregar a salvação e o amor de Deus pelo seu povo; que deve anunciar a libertação, através da qual Deus reconduzirá o povo à sua terra, fará com ele uma nova aliança e o tornará um povo sacerdotal.
O Salmo é um canto de exaltação do amor de Deus, nosso Pai e nosso rochedo salvador, que ungiu e consagrou Davi para ser rei; lembremo-nos de que, do mesmo modo, pelo batismo, Deus nos ungiu e nos consagrou em Cristo para ser um povo sacerdotal.
Na nova e eterna aliança tudo tem valor porque tudo procede de Cristo, o Sacerdote por excelência. Nele realiza-se em plenitude a profecia de Isaías.
No Evangelho, Jesus demonstra através das suas obras a sua missão sacerdotal. De fato, libertando-nos do pecado, Jesus faz de todos nós o novo povo sacerdotal, povo consagrado, cuja consagração é expressa no sinal exterior da unção com o óleo santo.
Na nova Aliança, todos os batizados participam do sacerdócio existencial de Jesus Cristo, enquanto os ministros ordenados participam também do seu sacerdócio ministerial.
Participar do sacerdócio de Cristo significa dar a vida por Ele e pela salvação dos irmãos, procurando assemelhar-se cada vez mais ao próprio Cristo que, por muito nos amar, livremente entregou sua vida por nós, fazendo deste gesto uma oferta agradável ao Pai. Nossa vida deve ser também uma oferta agradável a Deus, assim como nosso sacerdócio existencial e ministerial, que deve ser exercido com entusiasmo, despojamento e dedicação.
Não é à toa que o padre é chamado de sacerdote. De fato, em virtude da ordenação, ele se torna um dom sagrado de Deus para o seu povo. O caráter sacramental da ordenação o atinge em tal profundidade, que orienta todo seu ser e agir, de modo que ele consagra tudo o que faz. Em razão disto, é obrigação do padre reunir a comunidade para o momento mais importante de sua existência, que é a celebração litúrgica, sobretudo aos domingos.
O caráter sagrado atinge o padre em tal profundidade que orienta integralmente todo o seu ser e agir para uma destinação sacerdotal. De modo que não resta nele mais nada de que possa dispor como se não fosse sacerdote, ou, menos ainda, como se estivesse em contradição com tal dignidade. Ainda quando realiza ações que, por sua natureza, são de ordem temporal, o sacerdote é sempre o ministro de Deus. No padre, tudo, mesmo o que é profano, deve tornar-se consagrado, como em Jesus, que sempre foi sacerdote, sempre agiu como sacerdote, em todas as manifestações de sua vida, ainda que Ele não fosse sacerdote segundo a Lei judaica. Por isso, o padre precisa ser transparente, tanto no serviço pastoral e na vivência do celibato, quanto no uso do dinheiro e na administração dos bens da Igreja.
Logo, o padre precisa ser um homem de oração, que medita a Palavra de Deus, celebra os Sacramentos e é disponível a encontros fervorosos com o Senhor na oração pessoal e na Liturgia. Só assim ele se tornará um especialista das coisas divinas, um místico e mistagogo, capaz de ajudar os fiéis e todos os que o procurarem a encontrar-se com o mistério de Deus.
Por causa de seu caráter sacerdotal, o padre é chamado a ser servo, pois participa da vida do Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a própria vida em resgate por muitos. Assim sendo, o padre participa da autoridade de Jesus que coincide com seu serviço, seu dom, sua entrega total, humilde e amorosa pela Igreja. Longe de nós sacerdotes o autoritarismo e a busca de privilégios! Como dizia Santo Agostinho: “Quem é posto à frente do povo deve ser o primeiro a dar-se conta de que é servo de todos. E não desdenhe de ser servo de todos, pois não desdenhou de se tornar nosso servo aquele que é o Senhor dos senhores”.
Enquanto sacerdote e à imagem do Bom Pastor, o padre é chamado a ser homem de misericórdia e compaixão, próximo ao seu povo e servidor de todos, particularmente dos que sofrem na pobreza e na doença. A caridade pastoral, fonte da espiritualidade sacerdotal, anima e unifica a vida e o ministério do padre. Consciente de suas limitações, todo padre deve valorizar a pastoral orgânica e se inserir com gosto no presbitério do qual faz parte (DA 198).
Lembramos que a CF 2015 nos convida a refletir sobre a relação entre Igreja e sociedade, retomando os ensinamentos do Concílio Vaticano II; ensinamentos que nos levam a ser uma Igreja atuante, participativa, consoladora, misericordiosa, samaritana. Sabemos que as pessoas que formam a sociedade são filhos e filhas de Deus. Por isso, os cristãos devem trabalhar para que as estruturas, as normas, a organização da sociedade estejam a serviço de todos. E a Igreja, enquanto comunidade de fiéis, deve participar ativamente da vida da sociedade e colaborar na construção de um mundo mais justo, fraterno e solidário, preservando-o de ser excludente.
Ainda nesta semana vamos celebrar a Páscoa, a maior festa cristã. Páscoa é passagem das trevas para a luz, da morte para a vida, de uma vida de pecado para uma vida de conversão. Ela nos compromete a superar os sinais de morte presentes na convivência humana. O anúncio pascal traz a certeza de que o mal e a morte não terão a última palavra sobre nossa existência.
A ressurreição de Jesus revela que Deus está do lado da vida e nos convoca a estarmos do lado da vida também. Através da ressurreição e pela sua infinita bondade para conosco, Deus tornou-se próximo de nós, manifestou-nos um amor sem medida e deu sentido novo à vida humana. A Páscoa de Jesus é sinal de que é possível a vitória sobre a morte e todos os males.
Amados irmãos e irmãs, esta Missa dos Santos Óleos é a Missa da Unidade. E, falando em unidade, chamo a atenção de todos para participar ativamente no processo de realização da nossa 7ª Assembléia Diocesana de Pastoral. É imensa a nossa responsabilidade de fazê-la acontecer da melhor maneira possível em nossas paróquias. Do nosso empenho depende o seu bom êxito.
Aproveito a ocasião para parabenizar os padres pelo seu dia na Quinta-Feira Santa e para desejar a todos uma piedosa Semana Santa e uma Feliz Páscoa! Que Jesus Ressuscitado renasça no coração e na vida de nossas famílias e comunidades! Amém!”