Toda a caminhada exige que certo fundamento seja adquirido e realizado, e não seria diferente com a formação presbiteral, que não menos que outros empenhos, solicitam aos candidatos ao sacerdócio uma disponibilidade para a criação dessas bases. Bem como a disponibilidade daqueles que se colocam a caminho no chamado do Senhor, está também a formação, que precisa ser pautada no “Coração do Evangelho” (como usa o termo o Papa Francisco na encíclica Evangelii Gaudium) e bem estruturada para garantir que todo o processo de formação dos seminaristas e, ao mesmo tempo, candidatos ao sacerdócio, seja bem estruturado e pertinente àquilo que solicita a Santa Mãe Igreja.
“A meta é imprimir unidade ao processo de formação inicial dos futuros presbíteros, levando em conta a diversidade cultural e a qualificação de seu processo de formação permanente para que o sacerdócio seja exercido e vivido por autênticos prebíteros-discípulos, presbíteros-missionários e presbíteros-servidores da vida, cheios de misericórdia […]” (Documentos da CNBB, nº 93, §7) A maneira como é iniciada a vida do seminarista dentro da “instituição seminário” promove a formação como um “processo de construção do sujeito”, ou seja, é nessa primeira etapa, que procede de vários acompanhamentos que já foram feitos durante os encontros vocacionais, que faz com que ele tenha sua formação básica que o seguirá por toda sua vida, não só como seminarista, mas também como padre (Cf. 209, Doc. 93)
(…)
Dentre os vários aspectos, os quais a formação se preocupa, está a maturação humano-afetiva, já que ela compõe uma exigência do próprio ministério sacerdotal em decorrência da caridade pastoral, que é, ou deve ser, “o fundamento da vida e a meta maior de formação inicial e permanente”(Cf. §249, Doc. 93). O ambiente no qual ocorre essa formação inicial é onde o seminarista exerce sua pastoral, além da própria casa de formação, quando o candidato é chamado a “ser discípulo-missionário-servidor” (Cf. §365.4, Doc. 93).
A equipe responsável por acompanhar e formar os candidatos ao sacerdócio deve acompanhá-los em seus progressos, “em clima de abertura e confiança mútua”; vários profissionais podem compor essa equipe, desde que possuam “comprovada idoneidade, competência e orientação cristã” (Cf. §262, Doc. 93).
A importância da formação permanente deve ser despertada no seminário como um caminho discipular, através da leitura e meditação da Palavra de Deus, da celebração da Eucaristia, da contínua atualização dos estudos, da educação à leitura, à informação sistemática, à atuação e reflexão pastoral, ao uso dos meios de comunicação adequados, da educação para as artes, música sacra e bens culturais e à sadia distribuição do próprio tempo de trabalho e lazer. (Documentos da CNBB, nº 93, §355)
Todos os dados elencados e que fazem parte das Diretrizes para a formação dos presbíteros na Igreja no Brasil são de caráter necessários à formação que se inicia no período chamado de Propedêutico, que é o primeiro contato do candidato ao sacerdócio no seminário. Esse primeiro ano constitui um tempo de grande importância elementar para a formação que se mantém durante os estudos da Filosofia, Teologia e a continuidade da formação que deve acontecer mesmo quando padre. Percebe-se principalmente a nossa ligação com a realidade da diocese, através vínculos com nossas paróquias, cujo apoio e acompanhamento dos párocos tem sido de suma importância também para essa formação. (…)
Finalizarei esse texto com algumas das palavras do Papa Francisco em sua encíclica Evangelii Gaudium no parágrafo 264: “A primeira motivação para evangelizar é o amor que recebemos de Jesus, aquela experiência de sermos salvos por Ele que nos impele a amá-Lo cada vez mais”. É muito bom ser seminarista!
Referências
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Diretrizes para a formação dos presbíteros na Igreja no Brasil: Documento 93. 2 ed. São Paulo: Paulinas, 2011. FRANCISCO, Papa. Exortação Apostólica: Evangelii Gaudium (A alegria do Evangelho). São Paulo: Paulinas, 2013.
João Filho
Seminarista 1º ano de Filosofia