Adorar é fazer memória do Amor Contagiante

Recordo-me das palavras de Santo Agostinho: ‘O corpo eucarístico de Cristo é a Igreja inteira’, isto é, a totalidade dos fiéis. De fato, do alto do Calvário, quando Jesus de Nazaré entrega seu espírito ao Pai, quebra-se o frasco de alabastro do oriente e exala-se o perfume mais contagiante, capaz de despertar em toda humanidade a memória adormecida e fazer de cada pessoa que se aproxima deste mistério um ser eucarístico.

Não é sem razão que já no século III a Didaskalia compilou o seguinte enunciado: O altar de Deus são as viúvas e os órfãos. E mais: Os bispos devem olhar com grande cuidado e escrúpulo, quem são os que trazem ao altar, na celebração eucarística, as esmolas para os pobres da comunidade. E em seguida apresenta uma vasta lista de pessoas das quais não se podem receber a oferta, pois ‘mosca morta estraga um vidro de perfume e um pouco de insensatez pesa mais do que a sabedoria e a honra’ (Ecl 10, 1).

Para os primeiros cristãos a Eucaristia não precisava ser explicada, mas era uma experiência comunitária a ser vivida. E mais: quando há divisões entre os cristãos, a eucaristia não é aceita por Deus.

De fato, diante de Deus nós somos o bom perfume de Cristo entre aqueles que se salvam e entre aqueles que se perdem: para uns, perfume de morte para a morte; para outros, perfume de vida para a vida. E quem estaria à altura de tal missão? (2 Cor 2, 15s)

A Igreja é a nova família de Jesus, chamada a espalhar no mundo o bom perfume do evangelho. Adorar é mergulhar neste mistério de fé preanunciado na carta aos Gálatas: Portanto, enquanto temos tempo, pratiquemos o bem para com todos, mas principalmente para com os irmãos na fé (Gl 6, 10).

Dom Félix

Fonte: Artigo “A Amizade com Jesus na Palavra e na Eucaristia” (37ª Parte).

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