Documento final do Sínodo sobre os Jovens – 3ª Parte

O Sínodo concentra-se em algumas formas de vulnerabilidade vividas pelos jovens, em vários setores: no trabalho, onde o desemprego torna as jovens gerações pobres, minando a sua capacidade de sonhar; as perseguições até a morte; a exclusão social por motivos religiosos, étnicos ou econômicos; as deficiências. Diante dessa “cultura de descarte”, a Igreja deve lançar um apelo à conversão e à solidariedade, tornando-se uma alternativa concreta às situações de dificuldade. Na frente oposta, não faltam áreas onde o comprometimento dos jovens consegue se expressar com originalidade e especificidade: por exemplo, o voluntariado, a atenção às questões ecológicas, o compromisso na política com a construção do bem comum, a promoção da justiça, pela qual os jovens pedem à Igreja “um compromisso firme e coerente”.

Também o mundo do esporte e da música oferece aos jovens a possibilidade de se expressarem da melhor forma: no primeiro caso, a Igreja convida a não subestimar a potencialidade educacional, formativa e inclusiva da atividade esportiva; no caso da música, por outro lado, o Sínodo fala sobre seu “ser recurso pastoral” que interpela também a uma renovação litúrgica, porque os jovens têm o desejo de uma “liturgia viva”, autêntica, alegre, que seja de fato momento de encontro com Deus e com a comunidade.

Os jovens apreciam celebrações autênticas em que a beleza dos sinais, o cuidado da pregação e o envolvimento da comunidade falem realmente de Deus: portanto, precisam ser ajudados a descobrir o valor da adoração eucarística e a compreender que a liturgia não é puramente expressão de si mesma, mas ação de Cristo e da Igreja.

As jovens gerações, ademais, querem ser protagonistas da vida eclesial, colocando seus talentos e assumindo responsabilidades. Sujeitos ativos da ação pastoral, eles são o presente da Igreja, devem ser encorajados a participar na vida eclesial, e não impedidos com autoritarismo. Em uma Igreja capaz de dialogar de uma forma menos paternalista e mais sincera, de fato, os jovens sabem ser muito ativos na evangelização de seus contemporâneos, exercendo um verdadeiro apostolado, que deve ser apoiado e integrado na vida da comunidade.

Deus fala à Igreja e ao mundo por meio dos jovens, que são um dos “lugares teológicos” onde o Senhor está presente. Portadora de uma santa inquietude que a torna dinâmica, a juventude pode estar “mais à frente dos pastores” e por isso ela deve ser acolhida, respeitada, acompanhada. Graças aos jovens, de fato, a Igreja pode se renovar, sacudindo “o peso e a lentidão”. Assim, o chamado do Sínodo para o modelo de “Jesus jovem entre os jovens” e ao testemunho dos santos, entre os quais estão muitos jovens, profetas da mudança.

(6ª parte do artigo de Dom Félix “Considerações sobre a Exortação Apostólica ‘Amoris Laetitia’”).

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